Actualmente, falar de Educação a Distância é falar do ensino electrónico, uma vez que este lhe serve de suporte. É falar também de interesses económicos subjacentes às indústrias responsáveis pelo ensino electrónico.
Historicamente podemos dividir este interesse em dois grandes momentos: um está associado à década 1960-1970 e às ideologias do “Estado de providência”, o outro dá-se em 1980-1990 com a emergência da ideologia “racionalista económica” neo- liberal.
Segundo Robin Goodfellow o domínio da tecnologia sobre a EaD poderá resultar numa grande ameaça à justiça social provocando um impacto negativo nos países em vias de desenvolvimento, através da imposição de orientações comerciais ocidentais e valores culturais das comunidades ricas, dificultando a capacidade de outras nações, económica e tecnologicamente em desvantagem, de produzir os seus próprios recursos educativos.
A EaD pretende ser um meio de alargar o acesso ao ensino superior, contudo o seu objectivo maior deve consistir em tornar esse acesso mais equitativo e não quantitativo. O exemplo do Reino Unido diz-nos que, de 1997 a 2004, o número de estudantes a frequentar o ensino superior aumentou 44%, contudo este aumento não se verificou nas famílias de baixos rendimentos.
Neste momento conclusivo do nosso trabalho consideramos de grande interesse colocar a seguinte questão: será que o ensino electrónico não está ele mesmo dominado por esta ideia de ordem económica e social que se traduz nas competências técnicas e ocupacionais que cada indivíduo possui?
A ser verdade, podemos atrever-nos a explicar porque é que cada vez mais, nos últimos anos, o número de trabalhadores estudantes do ensino superior tem vindo a aumentar. Provavelmente não será só pela realização pessoal, interesse na área ou hobby mas pelas exigências que a ordem social e ocupacional impõe.
Este aumento poderá ser ainda maior se as universidades públicas apostarem na qualidade da EaD ou Ensino Electrónico, personalizando o processo de ensino - aprendizagem de acordo com a realidade de cada aluno e os seus objectivos pessoais e não esquecendo todo o processo de avaliação do aluno.